Passe a vida!


Minha mulher foi assaltada na terça-feira. Na quinta, foi a vez da melhor amiga dela. Antes delas, a irmã de um amigo, a namorada de outro; uma colega de trabalho atravessou um tiroteio. Dizem que é tempo de carnaval e a bandidagem está desesperada por dinheiro para brincar. Ou seja, o carnaval realmente é o investimento mais importante deste país, assim como o futebol. Tão importantes que está valendo vidas.

A violência em Mossoró alcançou estágios de calamidade pública, mas parece que só as vítimas estão vendo isso. É comum, todos os anos, morrerem cerca de 200 pessoas por assassinato na cidade, mas isso também virou rotina. Muros altos, cercas elétricas e gente angustiada, ansiosa, com medo da rua, também. É a tal da modernidade. Os mais sofridos estão deixando de usufruir de seu dinheiro e dos benefícios do seu trabalho para não chamar atenção.

Esta, na verdade, é a orientação das autoridades. Evite usar isso, falar assim, entrar desse jeito... Entendem a contradição? As autoridades, ao invés de cumprirem o seu papel, de garantirem nossa segurança, não, deixam pra lá. Aliás, parte do serviço público no Brasil há muito precisava ter sido privatizado, talvez melhorasse alguma coisa. E olhe que sou contra privatizações.

Me arrependo amargamente de ter votado a favor do desarmamento. Tolice. Se bandido pode andar armado, o cidadão deveria ter este direito. Se o propósito dessa campanha era desarmar o Brasil, desarmou só os homens de bem.

Sei o que alguns vão dizer: que isso não garante segurança, que, pelo contrário e bla, bla, bla. Pois eu discordo. O bandido está mais seguro porque está armado e o cidadão, submisso a esta situação. Me arrisco até a dizer um absurdo: a achar que talvez seja necessário que alguns inocentes morram para que o respeito seja igualitário. Digo isso com base nas principais revoluções do mundo, começando com a francesa. Porque, sinceramente, hoje não sei o que vale mais a pena: se morrer com dignidade defendendo a sua integridade ou viver humilhado pelos bandidos.

Ah, mas na Europa... Quero dizer, nobre leitor, que não estamos na Europa e, a menos que viajemos para lá, nunca estaremos. Este é o Brasil o país mais corrupto da América. Na hora que pudéssemos reagir a bandidos como homens e mulheres que somos, acho que haveria mais cuidado. Você está dando um tiro no pé! Vão me dizer. É verdade, estou, mas é melhor atirar no pé do que deixarem atirar em minha cabeça.

Os Estados Unidos da América é o espelho dos brasileiros que vivem imitando o povo de lá. Lá eles andam armados e continuam sendo a maior potência do mundo. Aliás, é justamente por isso que eles são fortes. Eles têm o poder.

Eu juro que sou contra a barbárie, mas quem me garante que não estamos dentro dela? Tenho medo de sair de casa, de voltar para casa, tenho medo do homem que passa, da moto que vem. Tenho medo de ser abordado dentro de minha própria casa quando durmo. Enquanto isso, as empresas de segurança ficam mais ricas, os seguranças particulares (parte deles policiais) cada vez mais caros e sua vida, coitada, cada vez menos importante.

Não sei, só quis falar sobre isso hoje. O que você acha?

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