O NOVO SEMPRE VEM
Qual será a diferença de
nós para os nossos filhos? Talvez o medo de que eles cometam os mesmos erros
que os nossos. Isso é engraçado porque em nossa época achávamos que nossos pais
não sabiam de nada. Eles viviam dizendo para termos cuidado, para não fazermos
isso ou aquilo, para estudarmos e o que fizemos? Bem, eu fiz quase tudo ao
contrário. Deixei para estudar tarde, fiz aquilo e isso e, com certeza, deixei
meus velhos em polvorosa.
A perspectiva que nos
serve de parâmetro é dizer que nossos filhos têm mais oportunidade que nós. Mas
me lembro de meus pais dizendo a mesma coisa comigo. Agora vocês vejam se o que
eu vivi foi difícil, que dirá o que eles tiveram de atravessar para me manter
vivo neste mundo maluco. Eita, vou lhes contar. Naquele tempo era difícil, viu?
Hoje não. Hoje tem programa social e emprego para todo lado.
Menino pequeno na minha
Soledade eu via mocinhas bonitas se gabando de trabalhar de doméstica em casa
de rico. Quer dizer, naquele tempo eram ricos os donos de bodegas, bancários,
funcionários da prefeitura. Casas que tinham sofás e televisões. Lembro-me bem
de uma relatando como era bonito um Monza, o novo carro da Chevrolet. As
pessoas paravam nas pequenas ruas sem pavimentação para ver passar o automóvel.
Hoje nossos filhos quando
pedem um presente, querem logo um tablet, Iphone, Ipad. São tantos nomes
estrangeiros que uma hora não dá para manter a cara de que estamos entendendo.
“Como é?” Perguntamos angustiados e quando a molecada sai de perto corremos
para o google. Daqui a pouco estamos comprando para nós os brinquedinhos
eletrônicos, entrando nas comunidades ou baixando novas redes sociais.
Aplicativos, dizem atualmente.
A verdade é que nunca
deixamos de ser a criança que não quisemos ser. Apressamos demais o nosso
tempo, quisemos pular fases, crescer logo, namorar, ter filhos e agora sentimos
uma falta danada. Aí vem aquela angústia danada de ver nossos filhos cometendo
os mesmos erros, se é que podemos chamar assim. Talvez seja o curso natural e,
como sempre queremos ter domínio de tudo, estamos tentando interferir de novo
na natureza. Mas é como diz a música de Belchior: nossa dor é perceber que
apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos. Ainda somos os mesmos e
vivemos como os nossos pais
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