Não separe meninos e meninas
Me surpreende, às vezes, algumas atitudes velhas
que se repetem mesmo depois de tanta discussão. É o cara pedindo a volta da
ditadura militar, outro chamando homossexuais de doentes, mães definindo a cor
do sexo, igrejas determinando quem vai ou não para o céu. Questões graves que
fazem apologia ao estupro, ao ódio e à intransigência religiosa, ideológica,
política e de classes. A redução do papel da mulher, entre outras tolices que
vejo o tempo todo na internet, na televisão e, pasmem, no Congresso Nacional.
Ver pela mídia incomoda, mas quando
vivenciamos é que temos noção do quanto é necessário conversarmos mais sobre
tudo isso. Racismo, preconceito ou sexismo são assuntos tão presentes no dia a
dia que ainda há pessoas que os achem “normais”. Natural do comportamento
cultural brasileiro, ou da região, ou do estado, ou do município e assim vai. Desculpas
e mais desculpas para manter vivas as antigas práticas equivocadas do convívio
social declinante.
Numa saída com colegas me incomodou bastante
o ato de separar meninos de meninas. Todos na mesma mesa, mas cada grupo do seu
lado e aí aquela proposta de confraternização se dissipou. A ideia que surgiu das
conexões dialogais desencapadas de ambos os sexos acabou encaixotada de acordo
com o gênero. Então o barulho cessou.
Porque é isso que acontece quando se separa
aquilo que se supõe oposto. Meninos e meninas, gays e heteros, crentes e ateus,
velhos e moços, ricos e pobres não são diferentes, mas por terem pontos de
vistas diferentes fazem as conversas fluírem como um rio perene. A separação desses
elementos enfraquece o curso desta água e ameaçar o manancial de morte.
Precisamos conversar mais sobre essas coisas,
mas juntos, meninos e meninas, do contrário serei eu novamente o primeiro a
pedir a conta e ir embora.
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